Estudo aponta que 80% das extinções esperada por causa da perda do habitat dos últimos anos virá até 2050
Pesquisadores ingleses estimam que até 2050, cinquenta espécies de
vertebrados deverão desaparecer dos locais que habitam na Amazônia
brasileira. Eles formularam um modelo matemático a partir dos índices
históricos de desmatamento e taxas de desparecimento de espécies por
perda de habitat e concluíram que mesmo com a queda do desmatamento, há
uma antiga conta a ser paga. Os pesquisadores do Imperial College London
explicam que a extinção local de espécies de vertebrados tem sido até
agora mínima - 1% das espécies em 2008 - mas que o preço da perda de
habitat virá nos próximos anos.
“Quando você limpar uma floresta, não mata instantaneamente
espécies, como aves. Elas voam para a próxima área de floresta poupada.
Mas quando as aves chegam lá, há animais amontoados em um habitat
pequeno, então eles têm uma concorrência alta, falta de alimentos e de
local para a reprodução. Assim a população entra em declínio
lentamente”, explicou Robert Ewers, do Imperial College London e autor do estudo publicado hoje no periódico científico Science.
Ewers afirma que este processo chamado de dívida de extinção pode levar
décadas para acontecer completamente, mas se nenhuma medida for tomada
as espécies desaparecerão. “O desmatamento do passado terá resultado nos
próximos anos. Portanto, na Amazônia, mais de 80% das extinções
esperadas por causa da perda do habitat histórico ainda está por vir”,
disse.
Mudança de foco
Para o ecólogo Thiago Rangel, da Universidade Federal de
Goiás , mais do que se preocupar em criar unidades de conservação, é
preciso focar em regenerar áreas degradadas da Amazônia.
Ele afirma que áreas abandonadas pela agricultura e pecuária podem ser
regeneradas de forma rápida sendo possível recuperar a biodiversidade.
“Desta forma, estaríamos dando um calote nesta dívida de extinção”,
disse.
“No Brasil, não temos foco em regeneração de florestas. Focar
nisso pode ser mais viável que focar na criação de Unidades de
conservação em áreas distantes da fronteira agrícola”, disse.
Para Rangel, mais importante do que os números divulgados no
estudo são as áreas onde haverá maior perda e onde precisamos regenerar a
vegetação. “A Amazônia ainda é bastante preservada, o que é muito bom.
Há também uma queda vertiginosa no desmatamento nos últimos anos. Este
estudo é importante para formularmos políticas públicas num momento tão
oportuno”, disse.
|
Por:
Nenhum comentário:
Postar um comentário